Domine as 14 Figuras de Linguagem Essenciais da Língua Portuguesa!
As 14 figuras de linguagem mais importantes e que mais são cobradas em provas de concurso e vestibulares incluem a Metáfora, Comparação, Metonímia, Sinestesia, Eufemismo, Hipérbole, Antítese, Paradoxo, Aliteração, Hipérbato (ou Inversão), Elipse (também conhecida como Zeugma), Personificação (ou Prosopopeia), Ironia, Polissíndeto.
As Figuras de Linguagem são recursos da Língua Portuguesa que criam novos significados para as expressões, ao trabalhar com o sentido conotativo em vez do literal. Neste artigo, listamos todas as 14 figuras de linguagem do português conforme seus tipos e com vários exemplos para não deixar nenhuma dúvida. Confira!
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1. Metáfora
A metáfora é, provavelmente, uma das figuras de linguagem que mais utilizamos no nosso dia a dia. Ela se baseia em uma comparação implícita, sem o elemento comparativo (“como” ou “tal qual”, por exemplo), em que uma característica de determinada coisa é atribuída ao elemento metaforizado.
Consiste em usar a palavra referente a essa coisa no lugar da característica propriamente dita, depreendendo uma relação de semelhança que, por termos uma linguagem flexível e complexa, conseguimos entender. Por exemplo, se dizemos que “Maria Rita é uma flor”, nosso cérebro já tem mecanismos para compreender que o que queremos dizer é que ela é delicada, perfumada, bonita etc., e não que ela seja literalmente uma flor.
Para textos na web, é interessante utilizar algumas metáforas para validar seus argumentos e enriquecer linguisticamente o seu texto. Se você está escrevendo sobre novas tecnologias, por que não contar com metáforas referentes a objetivos tecnológicos? Dessa forma, seu leitor ficará mais preso ao tema proposto e sua produção lhe parecerá mais atraente e bem escrita.
Mas tenha cuidado, pois há mais de uma possibilidade de interpretação da metáfora, já que a identificação entre os dois elementos em comum pode ficar por conta do leitor. Portanto, procure esclarecer ao máximo o que você quer dizer quando usar esse recurso.
2. Comparação
Assim como a metáfora, a comparação é uma das figuras de linguagem que se destaca. No entanto, ao contrário da metáfora, a comparação faz isso de forma explícita. Enquanto a metáfora sugere uma semelhança implícita entre dois elementos distintos, a comparação claramente indica que existe uma similaridade concreta.
Por exemplo, utilizando o caso de Maria Fernanda mencionado anteriormente na discussão sobre metáfora, uma comparação poderia ser: “Maria Fernanda é como um anjo” ou “Maria Fernanda é bondosa, assim como um anjo”. Aqui, a similaridade é diretamente destacada por conectivos comparativos como “como”, “que nem”, “assim como”, ou “tal qual”.
No contexto de escrita para a web, utilizar comparação permite a você enfatizar um ponto de vista ou fazer contraste entre conceitos de forma clara e eficaz.
Devido à sua natureza objetiva e direta, a símile pode ser particularmente útil em textos de tom mais formal. A explicitação da semelhança ajuda a tornar os argumentos mais convincentes e acessíveis ao leitor.
3. Metonímia
A metonímia é mais uma figura de linguagem dentre as demais que tem a ver com semelhanças. Ela ocorre quando um único nome é citado para representar um todo referente a ele. Por exemplo, é comum dizermos frases como “Adoro ler Clarice Lispector” ou, ainda mais comum, “bebi um copo de leite”.
No primeiro caso, o que eu adoro ler são os livros escritos pela autora Clarice Lispector, e não a pessoa dela em si. No segundo caso, ocorre o mesmo: o que eu bebi foi o conteúdo (leite) que estava dentro do copo, e não o objeto copo propriamente dito. Ao escrever para a web, a metonímia é muito útil e, muitas vezes, usada sem nem percebermos.
Acontece quando substituímos uma marca por um tipo específico de produto — por exemplo, Durex substituindo fita adesiva, Toddy substituindo achocolatado em pó e Maizena substituindo amido de milho. Ela traz maior fluidez à escrita, além de levar o leitor a se identificar com o texto.
4. Sinestesia
É uma das figuras de linguagem bastante utilizada na arte, principalmente em músicas e poesias, uma vez que ela trabalha com a mistura de dois ou mais sentidos humanos (olfato, paladar, audição, visão e tato). Na frase “Um silêncio amargo invadiu a sala”, há um tipo de gosto (paladar) servindo de adjetivo para o silêncio (audição), por exemplo.
Na web, é possível utilizar essa figura quando a pauta permitir: moda, culinária e fotografia, por exemplo, são categorias em que, dependendo do foco desejado, a metonímia cai muito bem, intensificando as sensações que o texto eventualmente pode querer passar ao leitor.
5. Eufemismo
O recurso do eufemismo é uma das Figuras de linguagem que costuma ser utilizada quando se deseja dar um tom mais leve para uma expressão — ou seja, é diretamente oposto à hipérbole. O significado permanece, mas a frase se torna menos direta, pesada, negativa ou depreciativa. “Fulano descansou em paz” é um ótimo exemplo de eufemismo muito utilizado.
O uso do eufemismo pode ser especialmente útil em textos que buscam tratar de temas delicados com sensibilidade e tato, evitando palavras que possam ser consideradas agressivas ou insensíveis.
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6. Hipérbole
A hipérbole é uma das figuras de linguagem empregada para amplificar uma ideia de forma intensa, visando causar um grande impacto e despertar entusiasmo no ouvinte ou leitor. Ela é comumente utilizada em nosso dia a dia em expressões como “Estou morta de fome”, onde a intenção é realçar dramaticamente a urgência de se alimentar.
Na escrita para a web, a hipérbole é um recurso extremamente eficaz quando o objetivo é capturar a atenção do leitor e reforçar uma mensagem. O uso de expressões exageradas pode ser uma técnica poderosa para destacar um ponto crucial ou para envolver o leitor emocionalmente, garantindo que o conteúdo não apenas seja lido, mas sentido de maneira impactante.
7. Antítese
“Não existiria som se não / Houvesse o silêncio / Não haveria luz se não / Fosse a escuridão / A vida é mesmo assim / Dia e noite, não e sim” (Certas Coisas — Lulu Santos)
O uso de palavras com sentidos opostos é outro possível recurso para fortalecer o discurso e deixar um ponto de vista ainda mais claro. A antítese é, justamente, o contraste que ocorre quando os termos estão bem próximos e acentuam a expressividade do período.
Curiosamente, a antítese é marco da escrita barroca, tida como a arte do contraste, mas ainda tem espaço na escrita atual, principalmente no contexto digital. O contraste, além de enfatizar o sentido das palavras, esclarece que a divergência entre elas é o que garante, de certa forma, o argumento colocado.
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8. Paradoxo
“Se você quiser me prender, vai ter que saber me soltar” (Tiranizar — Caetano Veloso)
O paradoxo, uma das figuras de linguagem que apresenta um conjunto de ideias contraditórias na mesma construção sintática, é formado pela junção do prefixo “para” (indicativo de contrariedade) com o sufixo “doxa” (opinião). Essa figura é frequentemente explorada na filosofia, mas também é amplamente utilizada na escrita para expressar contradições lógicas que desafiam a reflexão.
Diferente da antítese que contrasta termos opostos, o paradoxo encerra em si uma contradição que pode revelar uma verdade mais profunda. Exemplos como “O riso é uma coisa séria” ou “(O amor) é ferida que dói e não se sente”, de Luís de Camões, ilustram como o paradoxo pode ser empregado para provocar pensamento e análise, enriquecendo significativamente o conteúdo expresso.
9. Aliteração
“Lá vem o pato / Pata aqui, pata acolá / Lá vem o pato / Para ver o que é que há” (O Pato — Vinícius de Moraes).
A aliteração é caracterizada pela repetição intencional dos sons de consoantes no início de palavras próximas ou em sílabas adjacentes dentro de uma frase. Este recurso estilístico é empregado para realçar o texto, aumentar seu impacto sonoro e, muitas vezes, criar trava-línguas que são desafiadores e divertidos de se pronunciar. Além disso, a aliteração é fundamental para estabelecer o ritmo e a musicalidade do discurso.
Exemplos destacados de aliteração incluem:
- “O rato roeu a roupa do rei de Roma”;
- “Quem com ferro fere, com ferro será ferido”.
Esses exemplos ilustram como a aliteração pode ser utilizada para tornar o texto mais cativante e memorável, além de enfatizar elementos-chave através de sua sonoridade repetitiva.
10. Hipérbato (ou inversão)
“Ouviram do Ipiranga as margens plácidas / De um povo heroico o brado retumbante” (Hino Nacional — Joaquim Osório Duque Estrada).
O hipérbato é uma técnica literária que consiste na alteração da ordem convencional das palavras em uma frase. Tradicionalmente, a estrutura de uma frase segue a sequência sujeito-verbo-objeto-complementos, mas com o hipérbato, essa ordem é modificada para criar um efeito estilístico particular. Um exemplo clássico é a frase “Dorme tranquila a menina”, onde a ordenação padrão “A menina dorme tranquila” é invertida.
Este recurso não apenas adiciona uma dimensão estética ao texto, mas também pode enfatizar certos aspectos ou gerar um ritmo diferente na leitura. Quando a inversão é extremamente alterada, é chamada de sínquise. Por outro lado, quando a mudança envolve especificamente a posição do adjetivo em relação ao substantivo, denomina-se hipálage.
Essas variações na ordem das palavras permitem ao escritor brincar com a forma como a informação é apresentada, aumentando a expressividade e a profundidade do texto. Esta técnica é especialmente valorizada na poesia e na prosa literária, onde o impacto sonoro e o ritmo são cruciais para o efeito geral da obra.
11. Elipse
“A tarde talvez fosse azul, / não houvesse tantos desejos” (Poema de Sete Faces — Carlos Drummond de Andrade).
A elipse é uma das figuras de linguagem que se caracteriza pela omissão de um ou mais elementos que são facilmente subentendidos no contexto, mas que não precisam ser expressos explicitamente para que o sentido da frase seja compreendido. Um exemplo simples é a frase “Quero mais respeito”, onde os termos “eu” e “receber” são intuitivamente entendidos e, portanto, podem ser omitidos sem prejuízo para a compreensão do enunciado.
Esse recurso estilístico não só economiza palavras como também confere um ritmo mais ágil e dinâmico ao texto, permitindo que o leitor preencha as lacunas, o que pode intensificar a interação com o texto. A elipse é particularmente eficaz em textos poéticos e literários, onde a concisão e a sugestão são mais valorizadas do que a explicitação detalhada de cada componente da frase.
12. Personificação
“As casas espiam os homens / Que correm atrás das mulheres” (Poema de Sete Faces — Carlos Drummond de Andrade).
A personificação, também conhecida como prosopopeia, além de fazer parte do importante grupo das figuras de linguagem, é uma técnica que envolve atribuir qualidades humanas a objetos inanimados ou seres não humanos. Embora possa parecer um recurso pouco comum, é surpreendentemente frequente na literatura, na arte e no dia a dia. Este recurso envolve dotar elementos não humanos com habilidades de sentir, agir, perceber e falar como se possuíssem consciência e emoções humanas.
No exemplo do poema de Carlos Drummond de Andrade, a personificação é utilizada para atribuir à casa a capacidade de “espiar” os homens, uma ação tipicamente humana que sugere vigilância e curiosidade. Esse uso enriquece o texto, proporcionando uma camada extra de significado e despertando a imaginação do leitor para além do literal.
Essa figura de linguagem amplia a expressividade e a profundidade dos textos, permitindo uma exploração mais rica e variada das emoções e das ações narrativas.
13. Ironia
“Moça linda bem tratada, / três séculos de família, / burra como uma porta: um amor!” (Moça Linda Bem Tratada — Mário de Andrade).
A ironia é uma das figuras de linguagem na qual as palavras são usadas para expressar um significado que é o oposto do que se diz literalmente. Embora seja amplamente reconhecida e usada tanto na fala quanto na escrita, a ironia pode, ocasionalmente, causar confusões, especialmente no texto, onde as nuances de tom e expressão facial não estão disponíveis para esclarecer a intenção.
Frequentemente empregada para comunicar sarcasmo ou humor, a ironia também pode funcionar como uma ferramenta de crítica velada ou de subversão de expectativas. Ao dizer o contrário do que realmente se quer comunicar, o interlocutor convida o ouvinte ou leitor a participar de um entendimento mais profundo, muitas vezes compartilhado apenas entre aqueles que reconhecem o uso desta técnica.
Este recurso não apenas enriquece o diálogo ou o texto, proporcionando camadas adicionais de significado, mas também engaja o público de maneira inteligente e sutil.
14. Polissíndeto
“No poema ‘Olhar para Trás’, de Vinícius de Moraes, encontramos a linha ‘E o olhar estaria ansioso esperando / E a cabeça ao sabor da mágoa balançada / E o coração fugindo e o coração voltando / E os minutos passando e os minutos passando…’, que ilustra bem o uso da polissíndeto.
Esta figura de estilo se caracteriza pela repetição intencional de conjunções em uma sequência, para dar ênfase ou ritmo à expressão. Embora o ‘e’ seja frequentemente utilizado, outras conjunções coordenativas também podem ser repetidas.
Apesar de ser uma ferramenta poderosa na poesia ou na literatura, seu uso em textos na web deve ser moderado. A repetição frequente de conjunções pode tornar o conteúdo digital mais pesado e menos dinâmico, potencialmente desinteressando o leitor.”
Figuras de Linguagem: Conclusão
As figuras de linguagem são ferramentas indispensáveis na arte da escrita, enriquecendo o texto com nuances e profundidade que capturam a atenção do leitor. Elas permitem não apenas uma expressão mais vívida e emocional, mas também oferecem ao escritor maneiras de transmitir mensagens de forma criativa e impactante.
Ao compreender e aplicar essas técnicas adequadamente, seja em poesia, literatura ou conteúdo digital, os autores podem melhorar significativamente a qualidade e o engajamento de seus textos.
Contudo, é essencial balancear seu uso, especialmente na redação para web, para manter a clareza e a fluidez da leitura, evitando sobrecarregar o leitor com estilos que podem tornar a comunicação pesada ou redundante. Por fim, o domínio das figuras de linguagem é uma habilidade valiosa que, quando bem empregada, eleva o texto de meramente informativo para memoravelmente expressivo.